Alimentação a pensar em SII

A alimentação é uma das formas mais conhecidas de gerir os sintomas da SII, apesar de não estar comprovada a eficácia de todas as dietas, para todos os pacientes. A nossa recomendação? Informe-se sobre todas as possibilidades de tratamento, inclusive sobre como melhorar o seu estilo de vida, e aconselhe-se com um nutricionista, de preferência com experiência no tratamento e acompanhamento da SII.

8 conselhos gerais para SII

Faça refeições regulares
e coma devagar.

Evite saltar refeições ou ficar períodos longos sem comer.

Beba pelo menos 8 copos de água (ou outro líquido, sem cafeína ou álcool) por dia

Restrinja o consumo de chá e café a 3 por dia. Não convém tomar 3 cafés e 3 chávenas de chá num só dia, e o consumo ideal de café e chá varia de pessoa para pessoa.

Reduza o consumo de álcool e bebidas gaseificadas.

Ajuste o seu consumo de fibras – fale com o seu nutricionista para descobrir se deve consumir mais, menos, e quais.

Limite o consumo de fruta a 3 porções por dia
(1 porção = aprox. 80gr).

Tente evitar os açúcares e adoçantes, de forma geral.

O que comer ou não comer? Eis a questão.

Descubra as opções mais comuns para quem tem SII e como cada uma pode influenciar os sintomas.

A Fibra alimentar Glúten Lactose Álcool Café Amido resistente e sacarose Dieta baixa em FODMAPs

A Fibra alimentar

A fibra da fruta, dos vegetais, frutos secos, legumes e grãos integrais são o melhor combustível para a microbiota intestinal, ajudando a proteger a barreira intestinal, a melhorar a função imunitária e a prevenir a inflamação. Mas, para quem tem SII, “fibra” pode fazer soar alarmes. 

Vamos perceber melhor o que é isto da fibra alimentar?

As fibras alimentares podem ser divididas entre solúveis e insolúveis, entre hidratos de carbono de cadeia curta ou de cadeia longa, do tipo fermentável ou não fermentável. Os FODMAPs (Fermentable Oligosaccharides, Dissacharides, Monosaccharides and Polyols) podem ser considerados hidratos de carbono de cadeia curta, solúveis e de tipo altamente fermentável. 

Fibra Insolúvel: Não se dissolve em água. Encontra-se principalmente nas hortaliças e outros hortícolas e nos cereais inteiros e seus derivados integrais (ex. pão escuro, arroz e massas integrais, cereais de pequeno almoço integrais, etc.).

Ajuda a dar volume às fezes e a que estas retenham água suficiente para serem suaves e fáceis de passar, estimulando ainda a motilidade intestinal. Esta estimulação faz com que o tempo de exposição da parede do cólon a agentes potencialmente nocivos seja menor, mas o suficiente para que estas fibras contribuam para a proliferação de bactérias que ajudam a proteger a parede do cólon. 

Fibra Solúvel: Dissolve-se em água, e pode ter, ou não, viscosidade. Encontra-se principalmente nos frutos, hortícolas, leguminosas e alimentos contendo aveia, cevada ou centeio (exs: pectina). Aumenta o tempo de absorção dos nutrientes no intestino delgado e a saciedade, e contribui para a redução do total de glicose e de colesterol absorvidos pelo intestino.

Não comer fibra suficiente, ou comer em demasia pode piorar os sintomas da SII. 

Regra geral, um adulto deve consumir cerca de 25-30gr de fibra por dia, coisa que muitos de nós não fazemos. O nutricionista pode recomendar o aumento da ingestão de fibra de forma a regular as fezes, reduzir dor abdominal e meteorismo (presença exacerbada de gases no intestino).

Nem todos os tipos de fibra são benéficos para pessoas com SII, e uma recomendação genérica de aumento de fibra seria inapropriada, uma vez que pode fazer com que os sintomas piorem. Mas pode ser um tratamento inicial eficaz, especialmente para as pessoas com tendência a obstipação.

Ao começar um regime de suplementação de fibra, pode haver um período de transição em que sente inchaço, desconforto e alterações de hábitos intestinais.

O aumento gradual da ingestão de fibra pode modificar, melhorar e, em algumas pessoas, eliminar os hábitos intestinais anormais e sintomas dolorosos associados à SII. 

Recomendação: Fale com o seu nutricionista para ajustar o seu consumo de fibras e, juntos, perceberem se será uma solução para si, antes de passar a dietas mais restritivas.

Glúten

Quem tem SII costuma associar o consumo de alimentos com glúten ao aumento dos sintomas. Parece fazer todo o sentido, temos ouvido falar do glúten como algo “mau” nos últimos anos, portanto, deve ser esse o problema. A realidade é que o glúten não é um hidrato de carbono, mas sim uma proteína, presente em alguns grãos como trigo, centeio, espelta e cevada. Ora, estes grãos têm elevados níveis de açúcares fermentáveis, conhecidos como frutanos – os verdadeiros responsáveis pelo aumento dos sintomas da SII. 

Assim, a exclusão de alimentos com glúten não é estritamente necessária, a não ser que tenha sido também diagnosticado com doença celíaca – para quem tem esta doença, o glúten causa inflamação e danifica o revestimento do intestino delgado.

Isto significa que, mesmo que compre um produto sem glúten pode ainda ter sintomas, visto que o produto continua a ter frutanos. 

Recomendação: Não se limite a deixar de consumir alimentos com glúten. Por um lado, pode tolerar um certo nível de frutanos, precisando apenas de adequar o seu consumo. Por outro, os produtos sem glúten continuam a ter frutanos, por isso, se vir que não os tolera, consumir estes produtos não fará diferença. Considere falar com o seu médico sobre a possibilidade de ser intolerante ao glúten, caso ele não peça um exame de despiste no diagnóstico.

Lactose

Algumas pessoas com SII relatam um aumento de sintomas após o consumo de lacticínios. Isto pode dever-se a um problema na digestão do açúcar que se encontra nestes produtos – a lactose. Quando esta não é digerida no intestino delgado, é decomposta por bactérias no intestino grosso, podendo causar diarreia, gases e inchaço – sintomas semelhantes aos da SII. Este problema é conhecido como intolerância à lactose.

De forma geral, parece não existir uma relação directa entre a SII e síndromes de má absorção, como a intolerância à lactose. 

Recomendação: Se tem sintomas quando consome lacticínios, pode sempre fazer um exame de tolerância à lactose para perceber se beneficiaria de uma dieta sem este açúcar. Em alternativa, tente identificar que lacticínios lhe provocam sintomas. Por exemplo, algumas das pessoas que não toleram bem o leite, conseguem comer iogurtes sem grandes problemas. 

Álcool

A relação entre o consumo de álcool e a SII é inconclusiva devido à sua inconsistência, no entanto, várias pessoas com SII têm um aumento dos sintomas após o consumo de bebidas alcoólicas. 

Há um estudo em que se percebeu que pessoas que bebiam, no mínimo, 4 bebidas com álcool por dia, tinham sintomas no dia seguinte. Por outro lado, quem bebia moderadamente ou pouco, tinha poucos ou nenhuns sintomas no dia seguinte. 

Recomendação: Tentar reduzir o consumo, ou deixar de tomar bebidas alcoólicas. Pode ainda ir experimentando várias bebidas ao longo do tempo, para perceber quais as que lhe fazem pior. Por exemplo, a cerveja, devido à carbonatação e à maltose, pode provocar sintomas.

Café

Ainda não se conseguiu comprovar a relação entre o consumo de café e os sintomas de SII. No entanto, muitas pessoas têm sintomas após beberem café, em parte porque o café estimula a motilidade intestinal.

Se não sabe se o café lhe está a provocar sintomas, o melhor é testar. Deixe de tomar café durante uns dias. Bebe muitos cafés por dia? Experimente reduzir – que tal apenas um de manhã? Se bebe muito café, deixar de tomar pode causar algumas dores de cabeça nos primeiros 2-3 dias. É o corpo a habituar-se. Faça esta gestão com o seu nutricionista. 

Sabia que

O seu corpo tem um pico de produção de cortisol entre as 8h e as 9h da manhã.

Tomar café nesta altura reduz a sua eficiência e torna-o mais resistente aos efeitos da cafeína. Acorda mais cedo? Os níveis de cortisol sobem 50% após acordarmos, o que significa que a melhor altura para tomar café é, pelo menos, uma hora depois.

Amido resistente e sacarose

Um estudo recente descobriu que uma dieta baixa em amido e sacarose pode ajudar a reduzir os sintomas da SII em alguns pacientes, com resultados significativos após 4 semanas.

Quando há uma deficiência da enzima sacarase, que decompõe a sacarose em glucose e frutose, pode haver um aumento de sacarose no intestino, causando inchaço, gases, dores abdominais e diarreia. Há pessoas que conseguem processar mais sacarose do que outras, podendo estar aí um dos motivos para os sintomas em apenas alguns.

A sacarose (açúcar que se coloca no café) encontra-se frequentemente nos açúcares de compra, em aditivos a alimentos processados (sumos, refrigerantes, enlatados, ketchup, bolos, bolachas, fast food…) e de forma natural em frutas e vegetais. 

Uma dieta baixa em amido e sacarose não requer suplementação, desde que coma de forma saudável e equilibrada. É muitas vezes associada a perda de peso, pelo que não é recomendado que a façamos sozinhos, seguindo o que se lê online. Deve consultar um nutricionista, explicar o seu problema e obter uma dieta adaptada ao seu perfil. 

O acompanhamento com um nutricionista permite a adequação da dieta e que vá percebendo melhor o que resulta ou não consigo. Para além disso, se esta dieta não funcionar, um nutricionista especialista em SII terá outra “bagagem” para ajudar. 

Recomendação: Idealmente, evite alimentos que contenham açúcares num dos primeiros 4 ingredientes listados no rótulo. Não faça esta dieta sem o acompanhamento de um especialista.

Dieta baixa em FODMAPs

Esta dieta começou como uma teoria que propunha que hidratos de carbono não digeridos ou mal digeridos contribuem para os sintomas comuns da SII.

Comparativamente com a dieta do NICE, que consiste em evitar amido resistente, limitar o consumo de alimentos com açúcar, comer até 3 porções de fruta por dia, e controlar o consumo de fibra insolúvel dependendo dos sintomas, a dieta baixa em FODMAPs demonstrou reduzir os sintomas gastrointestinais com maior satisfação.

Uma vez mais, pode variar de pessoa para pessoa, e a realidade é que ainda não foi comprovada a eficácia desta dieta para TODAS as pessoas com SII. 

Recomendação: A dieta baixa em FODMAPs é muito restritiva, sendo não só difícil de começar, como também de sair da mesma e encontrar a solução mais equilibrada para si, pelo que recomendamos que seja feita com o acompanhamento de um nutricionista. 

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Terei Síndrome do Intestino Irritável?

Alguma vez pensou demoradamente no que ia pedir num primeiro encontro, com receio de que a sua decisão pudesse levar a uma urgente (e inconveniente) ida à casa de banho? Procura sempre a casa de banho de qualquer espaço público assim que entra, como um espião altamente especializado? Já gastou mais em papel higiénico do que em artigos de “higiene pessoal”?

Dificuldades com a digestão são mais comuns do que possa pensar. Apesar de patologias como a SII serem frustrantes, não são definitivamente algo pelo qual deva sentir vergonha.
Começar

Fase 1

Tem, com frequência, dor ou desconforto abdominal que alivia após evacuar?

Sofre com frequência dor abdominal que provoca uma grande urgência em evacuar?

Os sintomas acima descritos duram há mais de 3 meses?

Costuma interromper as suas atividades diárias devido aos sintomas acima descritos?

Próxima pergunta

É pouco provável que seja Síndrome do Intestino Irritável. No entanto, se os sintomas persistirem ou piorarem, consulte um profissional de saúde.

Fase 2

Sente regularmente a sua barriga inchada ou distendida (pense numa gravidez de 6 meses)?

Considera os seus movimentos intestinais “irregulares” (muito frequentes ou pouco frequentes, diarreia ou obstipação)?

As suas fezes têm uma forma anormal (formato, textura, consistência)?

Tem gases com muita frequência?

Tem dificuldade em evacuar (esforço, urgência ou dor)?

Concluir

De acordo com os critérios de Roma IV, é provável que tenha SII. Aconselhamos que consulte um profissional de saúde.

Saiba mais sobre o que dizer na consulta e os tratamentos existentes para gerir os seus sintomas: